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Encontro na capital reúne diretores de hospitais de alta complexidade a fim de discutir soluções para o setor

O presidente da AHESC, Altamiro Bittencourt, representando a AHESC-FEHOESC-FEHOSC, acompanhado por gestores hospitalares de várias regiões do estado marcou presença na reunião histórica convocada pela secretaria de estado da Saúde com a presença de representantes dos dez maiores hospitais filantrópicos, públicos, Organizações Sociais e terceirizados de alta complexidade do estado. Em pauta a troca de informações sobre a situação de crise em que vivem os hospitais, principalmente com a falta de recursos, defasagem Tabela do SUS, e atrasos nos repasses tanto na esfera estadual quanto federal. O problema tem se agravado desde o ano passado, gerando preocupação no setor. Participaram da reunião, representantes de hospitais de Florianópolis, São José, Chapecó, Xanxerê, Curitibanos, Mafra, Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Itajaí, Criciúma, Lages e Joaçaba.

Compuseram a mesa o Secretário da SES, Vicente Augusto Caropreso, o Presidente da Associação de Hospitais de SC, Altamiro Bittencourt, o Superintendente de Hospitais Públicos, Marcelo Lemos Reis, e o Superintendente de Planejamento e Gestão do SUS, Adriano Carlos Ribeiro e Grace Berenhauser, gerente de contratualização da SES.

Na ocasião, os diretores dos hospitais tiveram a oportunidade de expor as dificuldades que estão enfrentando diante da crise atual. Para o presidente da AHESC, Altamiro Bittencourt que também representou o Hospital São José, de Criciúma, é necessária uma reformulação dos repasses para as unidades. “Precisamos e esperamos por remuneração justa, necessitamos de um cronograma de pagamento . Todos os hospitais devem receber um mesmo valor. Pela primeira vez tivemos um secretário que expõe os problemas. O diálogo é importante para descobrirmos um caminho, e espero que seja permanente”, afirma. Sobre o hospital São José, Bittencourt destacou que há uma dívida para ser recebida no valor de R$ 36 milhões de reais, não sabendo quem é o devedor se a União, o estado ou município, “há uma situação constrangedora para todos, cuja solução precisamos encontrar através do diálogo”, pontua.

O Diretor Geral do Hospital Regional do Oeste, na cidade de Chapecó, Osmar Arcanjo de Oliveira, expôs os problemas enfrentados pela instituição, que se encontra com mais de 30 milhões de déficit no orçamento. “O hospital passa por uma dificuldade muito grande desde 2015. Se compararmos a nossa produção com a do Hospital de São José, de Joinville, nosso Hospital produz 60% a mais, contando com gastos de luz, água, material e medicamento. Deve-se levar em conta de quanto é o custo de cada hospital, quantas cirurgias realiza, quantas quimioterapias, para pagar de acordo com seus gastos”.

O hospital São Paulo, de Xanxerê é referência em cardiologia e oferece 96% dos serviços para o SUS. A instituição possui um débito de 2 milhões em aberto de incentivos e cirurgias eletivas. A dívida era ainda maior, mas a secretaria quitou em 2014. “É preciso valorizar um pouco mais os hospitais filantrópicos, equilibrar os valores para podermos prestar mais serviços à população que utiliza o SUS e não possui condições para ter planos de saúde”, afirma o representante da unidade.

O Hospital São Francisco, de Concórdia, que presta serviços de assistência de alta complexidade cardiovascular solicita credenciamento de unidades para saúde mental e AVC. Requer também a melhoria de infraestrutura e ampliação. A unidade precisa receber cerca de 2 milhões de reais para manter os serviços.

O Hospital São Vicente e Paulo, de Mafra, foi representado por Dário Clair Staczuk. Dário comenta sobre a defasagem de recursos para o Planalto Norte.

“Os pacientes descem a serra porque os recursos não sobem, por esse motivo mandamos as pessoas para atendimento em Joinville. Existe um vazio assistencial principalmente com alta complexidade. Municípios estão fazendo convênios com hospitais de Curitiba. A questão de custeio é geral, deve se estabelecer um valor único. Devem receber e dar contra partida com produção. Se são os mesmos serviços não há motivo para existir pagamentos diferentes”, acrescenta.

A ex-secretária da Saúde e atual diretora do Hospital de Joinville, Tania Eberhardt, relata que há uma grande e preocupante questão com os pacientes que são operados em Curitiba. “Eles procuram o Estado do Paraná por conta própria, pois lá o atendimento é facilitado. Quando ele retorna com algum problema, surge a questão: de quem é a responsabilidade? Porque o médico não quer atender pacientes que voltam com problemas decorridos de cirurgias cardíacas. Essa questão precisa ser acordada entre os secretários dos dois Estados, diz”.

“Nenhum estado tem três hospitais públicos próprios, e o custeio é muito maior. Santa Catarina não tem condições de manter hospitais públicos”, relata a ex-secretária. Para Tania, o Ministério da Saúde deve pagar essa dívida. “O estado arca com uma conta que deveria ser paga pelo ministério. Não é hora de credenciar coisa alguma na crise que estamos. Precisamos estudar as regas para credenciar, e temos que cobrar dos que recebem para fazer”, ressalta.

Para Izabel Cristina Casarin, do Hospital Santo Antônio em Blumenau, que atende 95% SUS, o problema está na sobrecarga dos grandes hospitais. “Instituições de pequeno porte não atendem pacientes que precisam de oftalmologista, otorrino e outras especialidades consideradas de média complexidade. Estamos carregando a saúde pública nas costas”, desabafa.

Para Richard, do Hospital Salvatoriano Divino Salvador em Videira, o problema está nos atendimentos de média complexidade. “Somente na região do Vale do Itajaí, as cidades de Pomerode, timbó e Taió têm maternidade. Quanto custa isso? Se não pararmos para analisar a estrutura, esse problema persistirá. Muitas unidades devem ser fechadas, pois tem muita gente fazendo de conta que trabalha. O ideal é que se estabeleçam regras: do número de habitantes e leitos, se a unidade não atingir os indicadores, fecha” afirma.

O Secretário, Vicente Caropreso reconhece o problema e relata, “nós temos 13 hospitais que consomem um terço do Orçamento Estadual da Saúde. Consumimos muito mais do que cabe no orçamento, que possui um valor de 3 milhões de reais, diante dos direitos infinitos da população as coisas vão demandando um extrateto. O problema é grave e nós sofremos com a burocracia. Temos que romper alguns paradigmas, falar com pessoas a cima do governador. Num encontro marcado hoje com o Ministro da Saúde, será solicitado 5 milhões de reais para juntarmos ao nosso montante.” O Secretário se preocupa com o pagamento do extra-teto, que não pode ficar com o Estado. “Se a Secretaria pagar toda essa dívida, nós vamos para 1 bilhão e 500 mil reais. Precisamos buscar ajuda, dividir essa responsabilidade com gente de cima”, desabafa.

Adriano Ribeiro, Superintendente de Planejamento e Gestão do SUS, fala da necessidade da realização de reuniões para discussão de assuntos relacionados ao setor. “Essa questão da alta complexidade tem que ser aprimorada. Temos que unificar nosso discurso. Existem vários convênios de serviço público que só fazem serviços privados. Temos que rever essas questões, afirma.

Para Ribeiro é preciso criar uma Rede Única no estado, “uma instituição poderá ajudar a outra, passaremos a realizar reuniões como esta de dois em dois meses para alinharmos este encaminhamento”.

A próxima reunião da SES será com hospitais de média complexidade para discussão sobre as funções de cada unidade e se as atividades estão sendo cumpridas.

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